sexta-feira, 3 de abril de 2020
O silêncio
É impressionante a quantidade de coisas que se organizam dentro da gente quando decidimos silenciar. É no silêncio que o entendimento acontece, que deixamos de querer controlar tudo, que aceitamos que a vida tem seu próprio roteiro e não dá para querer contar a história exatamente como a gente planejou. É no silêncio que a gente entende que só o tempo vai nos dizer o que fazer, que nem toda ação merece uma reação, e que toda insistência leva embora a nossa paz. No silêncio descobrimos onde devemos investir nosso tempo e afeto, abrimos mão das armadilhas do ego, desistimos de querer ter razão. No silêncio aprendemos a nos proteger e fortalecer, a não nos vitimizar, a não nos culpar. No silêncio encontramos as respostas que buscamos e aprendemos a ouvir a intuição. Ao silenciar, naturalmente descobrimos onde devemos nos demorar. Abrimos mão de relações indignas e não nos contentamos com migalhas afetivas. Ao silenciar, reaprendemos a respirar. A nos acalmar. A recomeçar. Às vezes estamos tão empenhados em provar nosso ponto de vista, tão focados em termos razão, tão urgentemente necessitados em dar ou exigir uma resposta… que nos afastamos de nossa paz, perdemos a capacidade de nos acalmar e de enxergar as coisas como elas realmente são. Muita coisa é simples, a gente que complica. Muita coisa é óbvia, a gente que não enxerga. Muita coisa não está sob nosso domínio. E ponto final. Algumas distâncias são necessárias. Nos permitem redimensionar a importância de alguém, nos dão entendimento sobre nosso valor ou insignificância, nos ajudam a valorizar o encontro, nos trazem paz quando a interação é conflituosa. No distanciamento muita coisa é resolvida sem precisar ser dita, e permanece o que tem que permanecer. Descobri que de vez em quando temos que fazer quarentena das conexões que temos uns com os outros, pois mesmo que o mundo tenha desacelerado, dentro de alguns de nós o trânsito continua congestionado.
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